Quiet Quitting: o silêncio que as organizações não querem ouvir (um estudo exploratório em municípios do norte de Portugal)

Abstract

O florescimento do quiet quitting, uma forma de desistência silenciosa do trabalho, tem sido tema de debate em diversos meios, desde simples opinião e comentário na comunicação social a artigos científicos. Esta tendência, amplificada pela pandemia de COVID-19, levanta questões sobre a forma de estar perante o trabalho. Alguns autores consideram o quiet quitting uma resposta à procura de bem-estar e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, outros interpretam como uma atitude negativa que prejudica a produtividade e a evolução na carreira profissional. O debate é recente e os estudos são escassos. Pretende-se, por isso, conhecer a realidade da administração pública local portuguesa, onde a atitude não foi ainda identificada no âmbito da intervenção gestionária. Através de uma abordagem metodológica quantitativa, a análise dos dados recolhidos entre os trabalhadores da carreira técnica superior dos municípios que constituem a Comunidade Intermunicipal do Ave, permitiu concluir que a idade e a saúde e bem-estar são preditores de quiet quitting e que a manifestação dessa atitude na população estudada é ainda incipiente. Com base nestes resultados são apresentadas recomendações para a prática e propostos caminhos de investigação futura.

The phenomenon of quiet quitting, a form of silent withdrawal from work, has been the subject of debate in various media, from simple opinion and comment in social media to scientific articles. This trend, amplified by the COVID-19 pandemic, raises questions about the way we approach work. Some authors consider quiet quitting to be a response to the search for well-being and work-life balance, while others interpret it as a negative attitude that jeopardises productivity and career development. The debate is relatively recent, and there is a scarcity of empirical studies on the subject. The objective of this study is to gain insight into the prevalence of quiet quitting in the context of portuguese local public administration, where the phenomenon has not yet been identified in the context of management intervention. A quantitative methodological approach was employed to analyse data collected from workers with high education in the municipalities that comprise the Ave Intermunicipal Community. The analysis led to the conclusion that age and health and well-being are predictors of quiet quitting. Furthermore, the manifestation of this attitude in the population studied is still incipient. The findings of this study provide a framework for recommendations for practice and avenues for future research.