Retratos do Jornalismo Cultural do Jornal de Notícias

Abstract

Facilmente reconhecemos que é através da Cultura que percecionamos o Mundo. Sem a Cultura, não assistiríamos a nenhum tipo de eventos: concertos, exposições, lançamentos de livros, peças de teatro e também não seríamos capazes de identificar nomes grandiosos do panorama cultural. No entanto, o papel do Jornalismo Cultural nos órgãos de comunicação social deve suscitar reflexão devido à pouca centralidade que reúne. Como qualquer outra área do Jornalismo, também o Cultural é fundamental. Este parece ser encarado como menos necessário e o aproveitamento que é feito do mesmo fica aquém das suas potencialidades. Os jornais limitam-se maioritariamente aos temas previamente calendarizados, optam por um jornalismo de mera divulgação, não vão para a rua procurar histórias para contar e não são capazes de reconhecer a importância da Cultura, tanto que são raras as vezes que é chamada à capa ou selecionada para a manchete do jornal. Deste modo, o presente relatório, realizado com base na minha experiência de estágio no Jornal de Notícias, pretende mostrar de que forma é que o JN mediatiza a Cultura. Assim sendo, foram analisadas as 216 aberturas da editoria selecionadas para a versão impressa durante o ano de 2019, sem contar com os meses de julho, agosto e fins de semana. De forma a encontrar respostas, tanto para a pergunta de partida, como para os objetivos desta investigação, foi realizada uma análise de conteúdo quantitativa aos temas de cada uma das aberturas de secção, à geografia dos acontecimentos, o número de vezes que Cultura foi chamada à capa e quantas vezes foi escolhida para ser o Primeiro Plano do jornal. Além disso, foi feita uma entrevista exploratória à editora-adjunta do Jornal de Notícias, Helena Teixeira da Silva, para melhor poder sustentar os resultados obtidos através da análise quantitativa. Os resultados conseguidos mostram a dependência ainda muito grande do Jornal de Notícias face à agenda imposta por agências de informação ou indústrias culturais, revelam uma concentração de artigos no norte do país, demonstram uma concentração dos temas música, cinema e literatura e revelam que a Cultura continua a ser menorizada em relação às outras secções do jornal, como se fosse encarada como o parente pobre do jornalismo.

We easily recognize that it is through Culture that we get to know the world. Without Culture, we would not be able to attend any kind of events: concerts, exhibitions, book launches, plays and we would also not be able to identify grand names in the cultural scene. However, the role of Cultural Journalism in the media should raise reflection due to the little centrality it gathers. Like any other area of Journalism, Cultural is also fundamental. This seems to be perceived as less necessary and the use that is made of it falls short of its potential. Newspapers are mostly limited to previously scheduled topics, opt for journalism of mere disclosure, do not go to the streets to look for stories to tell and are not able to recognize the importance of Culture, so much so that they are rarely called to the cover or selected for the headline of the newspaper. Thus, this report, and based on my experience of internship in Jornal de Notícias, intends to show how JN mediatizes Culture. Accordingly, the 216 openings of the publishing house selected for the printed version during 2019 were analyzed, not counting the months of July, August, and weekends. To find answers to both the starting question and the objectives of this research, a quantitative content analysis was carried out on the topics of each of the events, the number of times Culture was called to the cover and how many times it was chosen to be the newspaper‟s Foreground. In addition, an exploratory interview was conducted with the deputy editor of the Jornal de Notícias, Helena Teixeira da Silva, in order to better support the results obtained through quantitative analysis. The results achieved show the still very high dependence of Jornal de Notícias on the agenda imposed by information agencies or cultural industries, reveal a concentration of articles in the north of the country, demonstrate a concentration of music, cinema and literature and reveal that Culture continues to be diminished in relation to the other sections of the newspaper, as if it were regarded as the poor relative of journalism.