Atitudes dos guardas prisionais face a reclusos que se autolesionam

Abstract

Os comportamentos autolesivos englobam diversas formas de atentar contra a integridade física, podendo configurar comportamentos mais graves (e.g., autoestrangulamento) ou menos graves (e.g., queimaduras). Intramuros, a elevada frequência de tais atos, bem como o seu poder preditivo no suicídio subsequente, torna o fenómeno preocupante, sendo a sua redução importante. Os guardas prisionais assumem especial importância, quer na identificação quer na gestão de reclusos em risco, revelando-se assim essencial perceber as atitudes que estes têm perante os reclusos que se autolesionam. Recorreu-se a uma amostra de 176 guardas prisionais de estabelecimentos prisionais do norte do país, que preencheram a escala de atitudes face a reclusos que se autolesionam a par de uma escala de atitudes face aos reclusos. Concluindo-se que estes apresentam atitudes negativas face aos reclusos que se autolesionam, independentemente das variáveis sociodemográficas que foram selecionadas (idade, sexo, estado civil, escolaridade e anos de experiência profissional). Verificou-se ainda que os guardas que exibem atitudes globalmente positivas face aos reclusos, desconsideram menos estes reclusos em específico. Os resultados têm de ser interpretados atendendo às limitações da escala, sendo que investigações futuras devem tentar reproduzir esta investigação, visando obter uma fiabilidade mais robusta do instrumento.

Self-harm behaviours include a wide range of forms of physical harm, and can be performed in more severe (e.g., self-strangulation) or less severe (e.g., burns) behaviours. Inside prison, the high frequency of such acts, as well as its predictive relevance in subsequent suicide, make the phenomenon a source of concern, therefore its reduction is very important. Prison guards are particularly important in identifying and managing prisoners at risk, and it is therefore essential to understand their attitudes towards prisoners who self-harm. The study took a random sample of 176 prison guards from prisons in the north of the country, who filled the scale of attitudes towards prisioners who self-harm along with a scale of attitudes towards prisioners. The results reveal that these express negative attitudes towards prisioners who self-harm, regardless of the sociodemographic variables that were selected (age, sex, marital status, schooling and years of professional experience). It was also found that guards who exhibit generally positive attitudes towards prisoners disregard less these prisoners in particular. The results have to be interpreted taking into account the limitations of the scale, so future research should try to reproduce this research, in order to obtain a more robust reliability of the instrument.