O casamento da minha mãe, de Alice Vieira: ficção sentida de um eu feminino que (sobre)vive

Abstract

A obra literária de Alice Vieira é habitada por uma pluralidade de figuras femininas, muitas jovens e em idade escolar, quase todas a lidarem com dramas afectivos. O Casamento da Minha Mãe (2005, Caminho), obra que analisamos no presente comentário, não é excepção. Esta novela juvenil centra-se em Vera, a protagonista, e nas suas vivências, contadas por si própria, num estilo emotivo (e emocionante), denso, confessional e muito verosímil. Perpassada por linhas ideotemáticas como a solidão, a orfandade emotiva e psicológica, o crescimento, mas também por alguns apontamentos de crítica social e de humor subtil, a narrativa dá conta, a partir de um discurso que sabe dosear a informação, que inclui segmentos analépticos e narrativas encaixadas e que envolve o leitor, da força interior, da capacidade de resistência e de superação da heroína.

Alice Vieira’s literary work is inhabited by a plurality of female figures, many young and of school age, almost all dealing with affective dramas. O Casamento da Minha Mãe (Caminho, 2005), a book that we analyse in this article, is no exception. This youth narrative focuses on Vera, the protagonist, and on her experiences, told by herself, in an emotive (and emotional), dense, confessional and very believable style. Dealing with topics and ideas such as loneliness, emotional and psychological orphanhood, growth, but also with some notes of social criticism and subtle humour, the narrative makes the reader be deeply touched by the heroine’s inner strength, resistance and overcoming capacity using a discourse that knows how to dose information, and that includes analeptic segments and embedded narratives.