Uma alegoria da "eterna juventude". Notas sobre um retrato Autour de Madame Swann

Abstract

“(Eu) construiria o meu livro, não ouso dizer ambiciosamente, como uma catedral, mas simplesmente como um vestido”, consigna Proust no final da sua Recherche. Partindo de uma leitura do retrato dinâmico de madame Swann em A l’Ombre des jeunes filles en fleurs, num dos seus passeios na Avenue du bois, veremos o modo como oferece um quadro sugestivo e vivo do ambiente mundano da cidade de Paris da Belle Époque. Acompanhando pari passu o seu ritmo e cadência, atentaremos de modo particular no seu vestido e analisaremos a forma como toda a sua toilette ganha afinal uma dimensão alegórica, a da própria obra literária. Coerente, mas não uniforme, tecido de relações – sensações, impressões, lembranças –, movimento oferecido ao jogo perpétuo da invenção e, neste sentido, garante de eterna juventude.