Espaços verdes urbanos, acessibilidade e demografia: uma exploração metodológica acerca da oferta e procura na cidade de Braga

Abstract

No meio científico, é consenso que há uma vasta gama de benefícios trazidos pela presença de espaços verdes urbanos na malha da cidade. Tais ganhos ao bem-estar vão desde a redução de riscos de desenvolvimento de certas doenças até a oportunização de socializações agradáveis e criação de memórias e laços de afeto. A pesquisa aqui apresentada parte então do pressuposto apresentado e ganha força no ensejo de reflexões geradas a partir da pandemia da COVID-19 e da realização dos Censos 2021. Na cidade de Braga, foram escolhidas quatro freguesias de crescimento simbólico no intervalo de tempo entre os dois últimos Censos e seis EVU contidos neste recorte espacial. Sobre esta porção do espaço, foram realizados primeiramente aferimentos acerca das áreas de serviço dos EVU em questão. Posteriormente, procedeu-se à análise multicritério destes espaços verdes a partir de uma série de critérios selecionados através de revisão de literatura e hierarquizados a partir de análise estrutural (MICMAC). Tais critérios foram filtrados e ponderados levando em consideração a escolha de métodos de pesquisa não-interferentes e levando em consideração o perfil demográfico populacional identificado no espaço delimitado para esta pesquisa. Os resultados demonstraram, por exemplo, uma carência generalizada relativamente ao atendimento dos idosos em todas as quatro freguesias estudadas, além de um grau significativamente baixo de qualidade identificado no Parque das Oliveiras (Gualtar). Realizou se ainda uma identificação de vazios urbanos, bem como uma simulação da conversão destes em EVU para suprimento de falhas no atendimento, considerando as fragilidades por grupo demográfico em cada uma das freguesias. Ao fim deste trabalho, destaca-se sobretudo a importância da exploração metodológica aqui trabalhada e recomendam-se mais testes e o aperfeiçoamento destas escolhas metodológicas em trabalhos futuros.

In the scientific community, it’s a consensus that a wide range of benefits can surface by the presence of urban greens in the urban fabric. Such well-being gains range from the reduction of risks of developing certain diseases to the opportunity to socialize pleasantly, create memories and bond affectionably. The research presented here began according to these assumptions about UGS and gains traction through the reflections generated through the COVID-19 pandemic and the 2021 Census. In Braga, four neighborhoods which presented symbolic growth in the period between the two last Census were chosen, as well as six UGS located in this spatial delimitation. Firstly, service areas regarding the selected UGS were created. Subsequently, a multi-criteria analysis of these spaces was carried out based on a series of criteria selected through a literature review and tiered based on structural analysis (MICMAC). Such criteria were filtered and weighted considering the choice of non-interfering methods and taking into account the population's demographic profile identified in the space delimited for this research. The results show, for example, a generalized lack of provision regarding the elderly in all four selected neighborhoods, as well as a significantly low degree of quality identified at Parque das Oliveiras (Gualtar). An identification of urban voids was also carried out, along with a simulation of the conversion of these voids into UGS in order to compensate provision failures, taking into account the fragilities of each demographic group in each neighborhood. At the end of this work, it’s important to highlight the methodological exploration that was carried out, and further tests and improvement of the methodological choices are recommended for future works.