O efeito do licenciamento moral nos níveis de honestidade

Abstract

A teoria do licenciamento moral põe a hipótese de que, as pessoas que, se comportaram de forma moral, mais tarde irão adotar, com maior probabilidade comportamentos que poderão ser imorais, antiéticos ou problemáticos de alguma forma. Esta hipótese contraria a ideia, muito central na Psicologia, de que o melhor preditor do nosso comportamento futuro é o nosso comportamento passado, ou seja, normalmente esforçamo-nos por manter alguma coerência entre os nossos comportamentos. Esta aparente contradição levou-nos a considerar que processos cognitivos controlarão este efeito hipotético. Nesta investigação focar-nos-emos na compreensão do efeito da primação de ideias moralmente positivas sobre si próprio no relato, mais ou menos honesto, do resultado de uma tarefa aleatória com probabilidades conhecidas (lançar uma moeda ao ar), realizada sem vigilância. Controlámos ainda o possível efeito do bem-estar espiritual nos níveis de honestidade. Para tal, foram inquiridos 73 sujeitos, com idades compreendidas entre os 18 e mais de 60 anos. Os nossos resultados são tendencialmente contrários à hipótese do licenciamento moral, embora o poder estatístico do plano implementado não permita uma conclusão segura.

The moral licensing theory hypothesizes that people who have behaved morally are more likely to later adopt behaviors that may be immoral, unethical or otherwise problematic. This hypothesis contradicts the idea, very central in Psychology, that the best predictor of our future behavior is our past behavior, that is, we normally strive to maintain some coherence between our behaviors. This apparent contradiction led us to consider which cognitive processes will control this hypothetical effect. In this investigation we will focus on understanding the effect of the primacy of morally positive ideas about oneself in the more or less honest report of the result of a random task with known probabilities (flipping a coin), performed without supervision. We also controlled for the possible effect of spiritual well-being on honesty levels. To this end, 73 subjects were surveyed, aged between 18 and 30 years and over 60 years. Our results tend to be contrary to the moral licensing hypothesis, although the statistical power of the implemented plan does not allow a safe conclusion.