Experiências adversas na infância, delinquência na adolescência e o papel moderador da resiliência: comparação entre sexos

Abstract

A literatura tem continuamente mostrado a existência de uma associação entre experiências adversas na infância e o envolvimento em comportamento delinquente na adolescência, sendo que alguns estudos aprofundaram esta relação numa perspetiva comparativa entre sexos. No entanto, existem vários fatores que influenciam essa relação. O principal objetivo deste estudo foi investigar se a resiliência como característica (traço) é um fator moderador na relação entre experiências adversas na infância e o envolvimento em comportamentos delinquentes durante a adolescência, na amostra total, mas também se os resultados variavam entre sexos. Recorrendo a uma base de dados dum estudo que recrutou em escolas profissionais, instituições de acolhimento, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens bem como no âmbito do projeto Escolhas, a amostra consistiu em 325 adolescentes em risco, destes 191 raparigas e 134 rapazes, com idades entre os 12 e os 17 anos. Os resultados não corroboraram a hipótese da resiliência enquanto característica (traço) como fator moderador entre experiências adversas na infância e o envolvimento em comportamentos delinquentes durante a adolescência. Todavia, e apesar dos resultados obtidos, a presença de fatores protetores poderá diminuir a probabilidade de enveredar pela delinquência, mostrando a elevada importância da continuação do seu estudo.

The literature has continuously shown the existence of an association between adverse childhood experiences and the involvement in delinquent behavior in adolescence, and some studies have deepened this relationship in a comparative perspective between sexes. However, there are several factors that influence this relationship, and the main goal of this study was to investigate whether resilience as a characteristic (trait) is a moderating factor in the relationship between adverse childhood experiences and the involvement in delinquent behaviors during adolescence, in the total sample but also if the results varied between sexes. Using a database from another study conducted at vocational schools, foster care institutions, the Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, and as well as within the Escolhas´project, the sample consisted of 325 adolescents at risk, of these 194 girls and 191 boys, aged between 12 and 17 years old. The results did not corroborate the hypothesis of resilience as a characteristic (trait) as a moderating factor between adverse childhood experiences and the involvement in delinquent behaviors during adolescence. However, despite the results obtained, the presence of protective factors may decrease the likelihood of engaging in delinquency, which highlights the importance of continuing this research.