Estudantes universitários com e sem ferimentos autoinflingidos: um estudo comparativo sobre sintomatologia depressiva, desregulação emocional e autocriticismo

Abstract

Introdução: Os ferimentos autoinfligidos sem intenção suicida (NSSI) são atos diretos e intencionais de destruição do próprio tecido corporal, sem intenção suicida e relativamente frequentes na população universitária. Objetivos: Numa amostra universitária, analisou-se a prevalência e caraterísticas dos NSSI, funções e emoções associadas à sua prática; compararam-se grupos sem história e com história passada e atual de NSSI, quanto à sintomatologia depressiva, desregulação emocional e autocriticismo; avaliaram-se os preditores dos NSSI e o papel moderador do autocriticismo e da desregulação emocional na relação entre a sintomatologia depressiva e os NSSI. Método: Trezentos e oitenta e cinco estudantes universitários, entre os 18 e 35 anos, foram avaliados com instrumentos de autorrelato, num único momento temporal. Resultados: A prevalência de NSSI foi de 23.4%. Estudantes com história de NSSI evidenciaram maior sintomatologia depressiva, desregulação emocional e autocriticismo, comparativamente aos estudantes sem história de NSSI. O autocriticismo constituiu um preditor dos NSSI. Contudo, o autocriticismo e a desregulação emocional não evidenciaram um papel moderador entre a sintomatologia depressiva e os NSSI. Discussão: Cerca de um quarto da amostra reportou história passada ou atual de NSSI. Estes comportamentos parecem associar-se a maior sintomatologia depressiva, desregulação emocional e autocriticismo.

Introduction: Non-suicidal self-injury (NSSI) are direct and intentional acts of destruction of the one’s own body tissue, without suicidal intent and relatively frequent in the university population. Objectives: In a university sample, the prevalence and characteristics of NSSI, functions and emotions associated with their practice were analyzed; groups with no history and with past and current history of NSSI were compared regarding of depressive symptomatology, emotional dysregulation and self-criticism; NSSI predictors and the moderating role of self-criticism and emotion dysregulation in the relationship between depressive symptomatology and NSSI were evaluated. Method: Three hundred and eighty-five university students, between 18 and 35 years old, were evaluated with self-report instruments, in a single temporal moment. Results: The prevalence of NSSI was 23.4%. Students with a history of NSSI showed higher depressive symptomatology, emotion dysregulation and self-criticism, compared to students without a history of NSSI. Self-criticism was a predictor of NSSI. However, self-criticism and emotion dysregulation did not show a moderating role between depressive symptomatology and NSSI. Discussion: About a quarter of the sample reported past or current history of NSSI. These behaviors seem to be associated with greater depressive symptomatology, emotion dysregulation and self-criticism.