Anatomia da gramática visual no ensino artístico: imagem digital versus imagem tradicional

Abstract

O presente estudo visa fundamentalmente problematizar a performance e os resultados alcançados por alunos com formação artística face às potencialidades de um novo ambiente de representação e criação de imagens digitais. De um modo mais restrito, analisam-se as características da linguagem visual que emergem do ambiente digital, por forma a ponderar e estimular práticas de representação digital no ensino artístico. A fundamentação teórica debruça-se sobre as implicações dos ambientes digitais no ensino, mais especificamente na interacção homem-computador e consequentes estratégias valorizadoras de um novo paradigma educacional. São, ainda, sistematizados e discutidos enraizamentos sobre a imagética mental, os fundamentos da linguagem digital e as questões relativas à criação, processamento e tratamento de imagens digitais à luz dos modelos de representação tradicionais. Estes referenciais nortearam o trabalho de campo. A componente experimental deste trabalho utilizou como amostra 16 alunos, do ensino superior, do curso de Educação Visual e Tecnológica. Como metodologia de investigação foi usada uma metodologia qualitativa, estudo de caso, que privilegiou uma recolha de dados feita essencialmente com base em grelhas de observação, notas de campo, registos de vídeo e fotográficos, e análise documental das imagens produzidas pelos sujeitos. As conclusões revelam que a representação digital possui especificidades próprias cuja expressão diferenciada não banaliza os referenciais tradicionais, mas propõe um discurso visual inovador, irreverente e uma nova estética. Verificou-se que o ambiente digital induz um arquétipo de expressão dinâmica influenciador de opções e práticas representacionais que desafiam o utilizador para infinitos jogos combinatórios da linguagem visual. A envolvência, a versatilidade e a flexibilidade dos ambientes digitais promovem um novo posicionamento estético do ensino artístico face à inovação tecnológica.

The main purpose of this essay is to talk about the performance and the results reached by students with an artistic education as far as the potential of a new environment on representing and creating digital images is concerned. Strictly speaking, the visual language characteristics that emerge from the digital environment are analysed so that we can think about and encourage the use of digital representation technics in artistic teaching. The theoretical framework studies digital environments in what teaching is concerned, more specifically on human computer interaction, and the consequent valuable strategies of a new educational perspective. Mental imagery, the digital language basis and the questions related to the creation, processing and treatment of digital images on traditional representing models are some important aspects discussed and arranged according to a system. These concepts are the underlying structure upon which all other aspects of the study rest. The experimental component of this work used as sample a group of 16 students from a high Educational School, namely future Visual and Technological Education teachers. It has been used a qualitative research, the case study research that favoured a data collection done essentially through observing grills, field notes, video and photographic registers, and documental analysis of the images produced by those subjects. The results reveal that in spite of digital representation has got its own details with different expressions, it doesn’t neglect the traditional way of representing images, on the contrary, it suggests a new visual irreverent language and a new aesthetics. The digital environment leads to a dynamic model of representing images that influences representational technics and choices which challenge the user to an infinite number of games combining visual language. The involvement, versatility and flexibility of digital environments promote a new aesthetic standpoint of the artistic education regarding technological progress.