The relevance of sentience: shaping nonanthropocentric politics

Abstract

This dissertation explores the contributions of political philosophy to the debate about the consideration of nonhuman sentient beings. First, anthropocentrism and speciesism are analyzed as the dominant positions in moral and political philosophy, according to which human interests have priority (if not exclusive consideration) over nonhuman interests. It is argued that both positions are unjustified and that sentience is the criterion that matters for both moral and political consideration. Once anthropocentric biases are removed, political philosophy can translate ethical issues into the language of justice and place the interests of nonhuman sentient beings within the political realm. Secondly, Rawlsian and non-Rawlsian versions of contractualism are discussed to determine their compatibility with the protection of nonhuman interests. Finally, three fundamental works are analyzed in the context of the so-called “political turn in animal studies”: Zoopolis (2011) by Sue Donaldson and Will Kymlicka who claim the recognition of citizenship for domesticated animals, denizenship for liminal animals and sovereignty for wild animals; Sentientist Politics (2018) by Alasdair Cochrane who proposes a cosmopolitan sentientist democracy; and A Theory of Justice for Animals (2013) by Robert Garner who stresses the need to develop theories of justice that are sensitive to nonhuman interests but also politically feasible. The general conclusion to be drawn is that it is urgent to shift the debate on the consideration of nonhuman sentient beings from a question in applied ethics to a question of political action that requires a commitment of political institutions to the protection of nonhuman sentient beings.

Esta dissertação explora as contribuições da filosofia política para o debate acerca da consideração dos seres sencientes não humanos. Primeiramente, analisam-se o antropocentrismo e o especismo como posições dominantes em filosofia moral e política, segundo as quais os interesses humanos têm prioridade (senão consideração exclusiva) sobre os interesses não humanos. Defende-se que ambas posições são injustificadas e que a senciência é o critério relevante para a consideração tanto moral quanto política. Removidos os vieses antropocêntricos, a filosofia política pode traduzir questões éticas para a linguagem da justiça e posicionar os interesses não humanos na ordem política. Em segundo lugar, discutem-se versões contratualistas Rawlsianas e não Rawlsianas a fim de determinar sua compatibilidade com a proteção dos interesses não humanos. Finalmente, analisam-se três obras do chamado “giro político” nos estudos animais: Zoopolis (2011) de Sue Donaldson e Will Kymlicka que defendem o reconhecimento de cidadania para animais domesticados, quase-cidadania para animais liminares e soberania para animais selvagens; Sentientist Politics (2018) de Alasdair Cochrane que propõe uma democracia cosmopolita sencientista; e A Theory of Justice for Animals (2013) de Robert Garner que sublinha a necessidade de conceber teorias da justiça sensíveis aos interesses não humanos, mas politicamente viáveis. A conclusão geral é que é urgente redirigir o debate sobre a consideração dos seres sencientes não humanos de uma questão de ética aplicada para uma questão de ação política que exija um compromisso das instituições políticas com a proteção dos seres sencientes não humanos.