Reformas de saúde nos países do Sul da Europa, razão gestionária e profissionalismo

Abstract

Políticas de saúde, reformas e mercados de trabalho constituem tópicos de discussão do presente capítulo, tendo por referência os princípios da nova gestão pública e a crescente precarização dos vínculos de trabalho que enformam práticas e condições de exercício profissional da maior parte dos grupos profissionais do sector da saúde. Com a intensificação da crise económico-financeira em 2011, os países do Sul da Europa, constituídos por Portugal, Espanha, Itália e Grécia, têm implementado reformas nas políticas de proteção social e de saúde norteadas por princípios de privatização, subfinanciamento e desregulação, questionando o papel e a capacidade de intervenção dos estados-nação no quadro da crescente globalização e financeirização das economias. Com base numa revisão da literatura e de um conjunto de indicadores macroeconómicos sobre os sistemas de saúde dos países do Sul da Europa, destaca-se a situação portuguesa quanto aos processos de reforma e principais desigualdades de saúde antes e durante a crise económica. A reflexão aqui exposta sustenta-se no argumento central de uma “desvalorização interna” da força de trabalho como estratégia de ajuste estrutural de desregulação e precarização do mercado de trabalho (trans)nacional do sector da saúde