Estudo exploratório sobre a experiência subjetiva de crianças e adolescentes em contexto de internamento hospitalar com recurso ao Day Reconstruction Method

Abstract

A hospitalização poderá afetar a criança e o adolescente ao nível biopsicossocial e comprometer o seu desenvolvimento normativo. A criança ou o adolescente hospitalizado encontra-se num ambiente desconhecido, separado dos seus familiares, das suas atividades, e diante de procedimentos médicos invasivos. Este estudo pretende analisar a vida diária das crianças e adolescentes durante o internamento hospitalar, especificamente a qualidade da sua experiência subjetiva, através do instrumento de medida Day Reconstruction Method. Participaram neste estudo 21 crianças e adolescentes entre os 10 e 17 anos de idade internados, por um período mínimo de 24 horas. Os resultados mostram que a felicidade reportada em casa (M = 6.48; DP = .87) é maior que à reportada durante o internamento (M = 4.19; DP = 1.25). Foi possível fazer um levantamento de um total de 354 episódios acerca da vida diária dos participantes em internamento. Verificou-se que os procedimentos médicos são reportados como o episódio menos favorito, apurando a existência de atividades reportadas como positivas e com maiores níveis de felicidade, como visitas de familiares e jogar. Os resultados reforçam a importância dos acompanhantes em contexto hospitalar, principalmente a mãe, sendo a sua presença associada às atividades reportadas com maiores níveis de felicidade.

Hospitalization may affect the child and the adolescent at a biopsychosocial level and compromise their normative development. The hospitalized child or adolescent is in an unfamiliar environment, separated from his or her family, from their activities, and from invasive medical procedures. This study aims to analyze the daily life of children and adolescents during hospital stay, specifically the quality of their subjective experience, through the Day Reconstruction Method. Twenty-one children and adolescents between 10 and 17 years of age hospitalized for a minimum period of 24 hours participated in this study. The results show that happiness reported at home (M = 6.48, SD = .87) is higher than that reported during hospitalization (M = 4.19, SD = 1.25). It was possible to survey a total of 354 episodes about the daily life of inpatient participants. It was found that medical procedures are reported as the least favorite episode, ascertaining the existence of activities reported as positive and with higher levels of happiness, such as family visits and play. The results reinforce the importance of the companions in a hospital context, especially the mother, and their presence is associated with the activities reported with higher levels of happiness.