Indisciplina, rendimento académico dos alunos e satisfação profissional dos professores

Abstract

A indisciplina dos alunos representa um problema sério e com consequências negativas no clima da sala de aula. O presente estudo pretendeu analisar a relação entre as crenças de eficácia dos professores (individuais e colectivas) para lidarem com a indisciplina dos alunos e duas áreas frequentemente referidas na literatura como prejudicadas pela indisciplina: o rendimento académico dos alunos e a satisfação profissional dos professores. Participaram no estudo 1187 professores do ensino básico público português, através de um questionário online. Uma análise de correlação canónica revelou que quanto maiores as crenças de auto-eficácia e de eficácia colectiva dos professores para lidarem com a indisciplina, mais estes tendem a reportar níveis elevados de rendimento académico dos seus alunos e a considerarem-se mais satisfeitos com a profissão. Verificada a existência de associação positiva entre as variáveis em estudo, testou-se um modelo em que as crenças de auto-eficácia dos professores para lidarem com a indisciplina medeiam o impacto das crenças de eficácia colectiva dos professores no rendimento académico dos alunos e na satisfação profissional. Os resultados evidenciam um efeito de mediação parcial. Possíveis implicações para a formação dos professores (na gestão da sala de aula) e para a liderança das escolas são discutidas.

Student misbehavior in the classroom represents a serious problem with negative consequences for classroom climate. The present study intended to analyze the relationship between teachers’ efficacy beliefs (individual and collective) in handling student misbehavior and two areas commonly referred in the literature as hindered by student misbehavior: student achievement and teacher’s job satisfaction. The subjects were 1187 public school Portuguese teachers (1st to 9th grade) who answered an online survey. A canonical correlation analysis showed that the higher the teachers’ self and collective efficacy believes in handling student misbehavior, the more likely they were to report having higher achieving students and higher job satisfaction levels. Once verified the positive association between the variables of interest, a model was tested in which teacher’s self-efficacy beliefs in handling student misbehavior mediate the impact teachers’ collective efficacy beliefs have in student achievement and teachers’ job satisfaction. The results show a partial mediation effect. Possible implications for teacher’s training (in classroom and student misbehavior management) and for school leadership are discussed.