A voz da violência psicológica na intimidade: exposição traumática e processos identitários

Abstract

A violência psicológica é a forma mais prevalente de violência na intimidade (VI) em amostras universitárias, estando fortemente associada ao desenvolvimento de perturbação de stress pós-traumático. O presente estudo tem como objetivo avaliar, numa amostra universitária, a relação entre violência psicológica e sintomas de perturbação de stress póstraumático, comparar sujeitos que reportaram violência psicológica em função do sexo e descrever, em ambos os sexos, mudanças nos processos identitários resultantes da história de violência psicológica. Usando um design misto, 303 estudantes universitários responderam a um questionário online. A análise quantitativa revelou que quanto maior o índice total de experiências psicologicamente abusivas, maiores os sintomas de perturbação de stress póstraumático, sendo que não se verificaram diferenças significativas entre sexos. A análise qualitativa explorou as trajetórias de ajustamento após as experiências psicologicamente abusivas. Emergiram duas formas diferentes para ambos os sexos: Mudanças Positivas e Mudanças Negativas. Contudo, apenas o grupo das mulheres reportou sentimentos de insegurança, diminuição da autoestima e de autoeficácia e perda de identidade. Estudos futuros devem indicar estratégias específicas para apoiar estas vítimas.

Psychological violence is the most prevalent form of intimate partner violence (IPV) in sample universities, being strongly associated with the development of posttraumatic stress. The current study aims to evaluate, in a college sample, the relationship between psychological violence and posttraumatic stress disorder symptoms, compare individuals who reported psychological violence according to sex and describe, in both sexes, changes in identity processes resulting from the psychologically abusive history. Using a mixed-design, 303 college students answered an e-survey. Quantitative analysis revealed that the higher the total number of psychologically abusive experiences, greater are the symptoms of posttraumatic stress disorder, and there were no significant differences between sexes. Qualitative analysis explored the trajectories of adjustment after psychologically abusive experiences. Two different forms emerged for both sexes: Positive Changes and Negative Changes. However only the group of women reported feelings of insecurity, low self-esteem and self-efficacy and loss of identity. Further research should target specific strategies to support these victims.