Ambivalência em terapia online de luto complicado

Abstract

De uma perspetiva narrativa, o processo de mudança em psicoterapia envolve o desenvolvimento de significados alternativos à auto-narrativa problemática, através da emergência e expansão de Momentos de Inovação (MIs). No entanto, este processo pode ser atenuado através da reafirmação da auto-narrativa problemática conduzindo o cliente à ambivalência, levando-o a produzir Marcadores de Ambivalência (MAs). Assim, no presente estudo realizou-se um estudo de caso de terapia online de luto complicado cujos objetivos foram: a) descrever o perfil de ambivalência; b) relacionar a emergência de ambivalência e a evolução clínica da cliente; c) avaliar os MIs mais frequentemente atenuados ao longo do processo terapêutico. No presente estudo utilizou-se o Sistema de Codificação da Ambivalência (SCA) para identificar MAs e uma análise Time Series para estudar a associação entre a evolução dos MAs e a evolução da mudança sintomática. Os resultados sugerem que a emergência de MAs está significativamente associada à evolução clínica da cliente. Este estudo permitiu ainda analisar de que modo os processos de mudança e de ambivalência na terapia online são comparáveis à terapia face-a-face, sugerindo uma semelhança entre ambas as formas de terapia.

The change process in psychotherapy involves development of alternative meanings to the problematic self-narrative through the emergence and expansion of innovative moments (IMs). However, this process can be nullified through the resurgence of the problematic self-narrative, giving place to ambivalence. This resurgence is empirically tracked by the identification of ambivalence markers (AMs) by the client. Thus, the goals of this study were: a) describe the ambivalence evolution on a case of complicated grief using online therapy; b) test de association between ambivalence occurrence and the clinical evolution of the client; c) identify the IMs that are more frequently attenuated in the course of the therapeutic process in this case. Using the Ambivalence Coding System to track AMs and a time series model to analyze the cross-correlation between AMs and symptomatic evolution, we found a significant association between AMS occurrence and the client’s clinical evolution. This study allowed us to start exploring the processes of change and ambivalence in online therapy, and to compare it to the results of face to face therapy. In general we found similar processes in these two therapeutic contexts regarding the emergence and evolution of IMs and AMs in complicated grief.