Um estudo qualitativo da resiliência parental: perceções maternas dos seus recursos pessoais e sociais

Abstract

A resiliência parental é o tema central deste estudo, no qual se analisa a importância das ideias e práticas educativas das mães bem como a perceção do seu papel de educadoras como componentes estruturantes da resiliência parental. Rodrigo (2010) considera que a resiliência parental é um recurso ou capacidade que pode ser ativada ou mobilizada em determinados contextos de vida, particularmente em situações perante as quais os pais necessitam de ajustar ou desenvolver capacidades para fazer face à adversidade. A presente investigação trata-se de um estudo qualitativo cujo plano obedece aos requisitos de um estudo de caso das perceções maternas sobre os fatores de proteção e risco que podem influenciar a resiliência parental. O interesse em compreender os conteúdos das ideias, das crenças e das teorias implícitas das mães que estão subjacentes à avaliação dos seus recursos e competências pessoais e sociais, determinou a nossa opção por uma investigação qualitativa em que o foco se situou na descrição das perceções maternas e dos determinantes da resiliência parental na perspetiva das mães. A amostra é constituída por grupo de doze mães identificadas pelos órgãos de direção de um Agrupamento de Escolas do concelho de Guimarães, tendo a recolha dos dados sido realizada em duas Escolas do 1º ciclo e um Jardim de Infância. Os critérios para a seleção incluíram a vivência de situações de risco psicossocial (e.g., desemprego, monoparentalidade, habitação em bairro social, divórcio, baixa escolaridade, baixos rendimentos) e filhos com idades entre os 3 e os 10 anos com bom aproveitamento escolar ou um perfil de bom ajustamento ao contexto educativo, no caso das crianças mais novas. Neste quadro, privilegiaram-se a entrevista reflexiva, cujo guião de perguntas adota a definição de Grotberg (1995), e entrevistas em grupos focais, ambas guiadas pelo desejo de explorar as conceções maternas e os seus discursos acerca do objeto do estudo. Por fim, na análise e na interpretação dos dados privilegiou-se a análise de conteúdo recorrendo à codificação das respostas e à construção de um sistema de categorias seguindo as orientações metodológicas de Bardin (1991). Dos resultados salienta-se a figura dos filhos como central na tomada de decisões das participantes. Um segundo ponto a salientar é a importância dos fatores pessoais (e.g., “Tenho força”) e relacionais (e.g., “o meu marido/o meu pai/ ajuda-me em tudo”) na superação das adversidades. Concluímos igualmente que fatores como o sexo da criança, a idade e a escolaridade dos pais podem influenciar os estilos e atitudes parentais. Estes resultados são de enorme importância para o aconselhamento e intervenção psicossocial com famílias em situação de risco.

Parental Resilience is the focus of this study, which examines the importance of ideas and educational practices of mothers as well as the perception of their role as educators as structural components of parental resilience. Rodrigo (2010) finds that parental resilience is a feature or capability that can be activated or mobilized in certain contexts of life, particularly in situations against which parents need to adjust or develop the capacity to cope with adversity. The present investigation it is a qualitative study whose plan meets the requirements of a case study of maternal perceptions about risk and protective factors that may influence parental resilience. The interest in understanding the content of the ideas, the beliefs and implicit theories of mothers that underlie the assessment of the resources and personal and social, skills determined our choice of a qualitative research in which the focus was situated in the description of maternal perceptions and determinants of resilience in the parental perspective of mothers. The sample consists on a group of twelve mothers identified by the management bodies of a group of schools in the municipality of Guimarães, and data collection was conducted in two schools of the primary school, and a kindergarten. The criteria for selection included the experience of the risk situations (e.g., unemployment, single parenthood, social housing neighborhood, divorce, low education, low income) and children aged between 3 and 10 years with good school results or good adjustment profile in to the educational context, in the case of younger children. Within this frame, it was preferred the reflexive interview, a script of questions which adopts the definition of Grotberg (1995), and focus group interviews, both guided by the desire to explore the maternal conceptions and their discourses about the object of study. Finally, the data analysis and interpretation we focused on content analysis using the coding of responses and the construction of a system of categories following the methodological guidelines of Bardin (1991). The results highlight the figure of the child as central to the decision making of the participants. A second point to note is the importance of personal factors (e.g., " I have power ") and relational (e.g., " my husband/father/my father/helps me at all ") in overcoming adversity. Also concluded that factors such as the child's sex, age and education of parents can influence parenting styles and attitudes. These results are of great importance for counseling and psychosocial intervention with families at risk.