Variáveis conjugais, morbilidade psicológica, controlo metabólico e cuidados com os pés em diabéticos tipo 2

Abstract

A amostra do estudo consistiu em 69 sujeitos com diabetes tipo 2 com diagnóstico recente (até um ano) sendo 55,1% do sexo masculino e 44,9% do sexo feminino, com uma média de idades de 57,78 e um desvio padrão de 10,71 anos. 98,6% dos sujeitos eram casados ou estavam em união de facto e 52,2%, tinha um diagnóstico de diabetes entre 7 e 12 meses antes da avaliação, enquanto os restantes 47,8% tinham um diagnóstico inferior a 6 meses. Os instrumentos utilizados foram: Questionário Sócio-Demográfico; Revised Dyadic Adjustment Scale – RDAS; Questionário Sócio- Cognitivo nos Auto-Cuidados com a Diabetes – SCDSCQ; Multidimensional Diabetes Questionnaire – MDQ; Hospital Anxiety and Depression Scale- HADS. Os resultados obtidos no presente estudo identificaram as variáveis conjugais como sendo de extrema importância na diabetes tipo 2, visto que os diabéticos com um melhor ajustamento conjugal apresentam mais planos para lidar com obstáculos aos cuidados com os pés, bem como um melhor controlo metabólico. O suporte positivo do parceiro está associado à percepção que o diabético tem da importância que outros significativos dão aos cuidados com os pés. Verificou-se também que diabéticos com mais ansiedade e depressão têm uma menor percepção da importância dada por outros significativos aos cuidados com os pés e que os diabéticos com mais sintomas de depressão têm menos intenções e fazem menos planos para cuidar dos pés. Os diabéticos com diagnóstico até 6 meses foram aqueles que evidenciaram receber mais suporte positivo e negativo dos parceiros. Os diabéticos demonstraram receber mais suporte positivo e negativo das parceiras e demonstraram ter mais intenções e uma tendência para terem mais controlo percebido sobre o cuidado com os pés, para além de um melhor planeamento do cuidado e das estratégias de coping com este, e de uma maior percepção da importância que outros significativos dão aos cuidados com os pés, enquanto as diabéticas evidenciaram ter mais sintomas de morbilidade psicológica. Assim, os resultados obtidos enfatizam a necessidade de se incluir variáveis conjugais ao nível da intervenção psicológica, dado que estas reflectiram-se nas variáveis sócio-cognitivas de cuidados com os pés. Além disso, as variáveis sócio-cognitivas são de extrema importância para perceber de que modo o diabético está motivado para cuidar dos pés, para que, assim, se consiga prever a adesão aos comportamentos de auto-cuidados, e para intervir-se no sentido de aumentar a intenção do diabético para a adesão aos auto-cuidados.

The study samples consisted of 69 participants with a recent diagnosis of type 2 diabetes (less than a year), with 55,1% being male and 44,9% female, with an average of 57,78 years old and a standard deviation of 10,71 years old. 98,6% of the participants were married or lived together and 52,2%, have a diabetes diagnostic between 7 and 12 months before the evaluation, while the rest of them, 47,8%, have a diagnostic until 6 months before the evaluation. The instruments were: Social Demographic Questtionaire; Revised Dyadic Adjustment Scale – RDAS; Self-Care Diabetes Social Cognitive Questtionaire - SCDSCQ; Multidimensional Diabetes Questionnaire – MDQ; Hospital Anxiety and Depression Scale- HADS. The results showed that marital variables were extremely important because participants with better marital adjustment had more plans for dealing with obstacles in foot care and better metabolic control. Diabetics with more positive support from their partner were more aware of the importance that significant others gave to diabetics’ foot care and diabetics who had more symptoms of depression and anxiety were less aware of the importance that significant others gave to diabetics’ foot care. Also, diabetics with more depression had less intention and plans to take care of their feet. Diabetics diagnosed less than 6 months prior to this study were those who received more positive and negative support, from their partners. Male diabetics received more positive and also negative support from the partner, had more intentions and a tendendy to haver perceived control over their feet care, as well a better plan for foot care and for coping with it and are were also more aware of the importance that significant others gave to diabetics’ foot care, while female diabetics had more symptoms of psychological morbidity. The results emphasize the need to include marital variables in psychological interventions, since they impact socio-cognitive variables in foot care. Besides, socio-cognitive variables are extremely important in knowing how motivated diabetics are in taking care of their feet, so that adherence to self-care behaviors may be increased and diabetics’ intention to feet self-care may improve.