As aulas de substituição e a (des)motivação escolar no Ensino Básico : estudo de caso

Abstract

Esta tese centra-se na abordagem às aulas de substituição no que respeita à problemática da (des)motivação escolar por parte dos alunos, apresentando uma investigação efectuada numa escola básica, sede de um Agrupamento. Procuramos dar resposta à seguinte questão de investigação: - De que modo os diferentes actores (professores, alunos, pais e lideranças) percepcionam as aulas de substituição, no processo de desenvolvimento das aprendizagens ao nível do 2º e 3º Ciclos e os seus efeitos na (des)motivação dos alunos, no seu comportamento e aproveitamento? Até ao ano lectivo de 2005/2006, a escola não previa a organização de actividades para suprir a falta de um professor em tempo lectivo. As faltas dos professores eram geridas pela vontade dos alunos, que as ocupavam, sobretudo, como espaço de lazer e convívio. Por outro lado, os resultados do estudo PISA colocou o nosso país, em termos de resultados escolares, num lugar muito crítico relativamente a outros países, lançando na praça pública a qualidade do ensino promovido pela escola pública. Também a opinião pública, muito influenciada pelos media, criou a ideia de que os professores faltavam muito. A recente alteração, assumida através de um despacho do Ministério da Educação, Despacho 17387/2005, da escola suprir as ausências dos professores em tempo lectivo, trouxe uma nova realidade a que os estabelecimentos de ensino se adaptaram de forma diferenciada, nomeadamente na implementação de aulas de substituição, acarretando uma mudança ao nível organizacional, metodológico e, principalmente, ao nível da mentalidade quer de professores, quer de alunos. Quanto à parte empírica desta tese, para o estudo foi seleccionado um grupo de respondentes correspondendo a 100 alunos representativos dos dois níveis de ensino (2º e 3º ciclos), distribuídos por cinco turmas, uma do 5º, 6º, 7º, 8º e 9º ano de escolaridade. Foi, igualmente, recolhida informação junto de seis professores, três do 2º ciclo e três do 3º ciclo, e ainda da presidente do Conselho Executivo cessante, e do actual director do Agrupamento de escolas, do presidente da Associação de Pais e de duas encarregadas de educação, num total de onze entrevistas, bem como da consulta e análise dos relatórios respeitantes às aulas de substituição arquivados na escola. Pudemos concluir que os alunos não valorizam as aulas de substituição na generalidade, e em particular na metodologia escolhida por este Agrupamento, considerando-a pouco interessante, muito rotineira, já que assenta na resolução, somente, de fichas de trabalho, não contribuindo para a melhoria das aprendizagens. Os alunos defendem aulas mais práticas, mais dinâmicas e mais motivadoras com recurso às novas tecnologias e a uma vertente mais lúdica da aprendizagem, associando esta prática a uma maior motivação e, consequentemente, melhores resultados escolares. Por outro lado, os professores referem, igualmente, não haver repercussão das aulas de substituição na melhoria das aprendizagens, contribuindo, de igual modo, para a desmotivação dos alunos nas aulas curriculares, considerando esta medida do ME como um mero espaço ocupacional e discordando, também, da metodologia implementada no Agrupamento. Em alternativa, defendem a criação de salas de estudo, passíveis de maior liberdade de opção de estudo ou de realização de tarefas por parte dos alunos, com o apoio dos professores ali presentes e contribuindo para uma maior produtividade e uma maior motivação destes para as aprendizagens. Também, as opiniões produzidas por todos os intervenientes no estudo sobre o relatório que os professores têm que produzir no fim de cada aula de substituição devem servir para repensar a sua utilidade, deixando de ser um mero acto burocrático e tornando-o um verdadeiro instrumento de observação das aulas de substituição, com reflexos na avaliação dos alunos e com a divulgação do respectivo conteúdo junto dos directos interessados: Directores de turma, alunos, encarregados de educação e Conselho de Turma.

Integrated in the line of research concerning the case study, this dissertation focuses on the approach to substitution classes regarding student (de) motivation, presenting a research carried out in a basic school, headquarters of a School Group. We attempt to answer the following research question: - How the different actors (teachers, students parents and leaders) perceive substitution classes in the learning process development at the 2nd and 3rd cycle education levels and their effects on student (de) motivation, behaviour and school performance. Until the school year of 2005/2006, the school did not provide for activities in order to address the absence of a teacher during school time. Teacher absences were managed by the students, who spent the time especially with recreation and enjoying time with other students. In addition, the findings from the PISA study have placed our country in terms of educational attainment levels in a very disadvantageous position regarding other countries, which has caused the quality of public school education to be discussed publicly. Also, the public opinion highly influenced by the media has created the idea that teacher absenteeism is high. Based on a superficial analysis, it was intended to confuse teacher absenteeism with unteached classes often due to the inefficiency of the administration, since if a substitute teacher is not assigned in due time it is not considered absent, neverthless the students will not have that class. Additionally, complaints from parents and carers regarding the unteached classes happened occasionally, and the school considered this situation from a formal point of view, rather than considering its pedagogical implications. The recent amendment, provided by an order issued by the Ministery of Education, Order 17387/2005, resulted in the school addressing teacher absences during school time, which brought a new reality to which education institutions adapted differently, in particular when implementing substitution classes; it entails a change regarding the organization, method, and mainly the mentalities of both teachers and students. As far as the empirical part of this dissertation, a group of respondents corresponding to 100 students was selected for the study, which represent two education levels (2nd and 3rd cycles), allocated to five classes, one of the 5th, 6th, 7th, 8th and 9th years. Information was also collected from six teachers, three of them of the 2nd cycle and three of the 3rd cycle, from the school executive council, the Director of the School Group, the president of the Parents' Association, and two mothers, as well as from consulting and analysing reports kept in the school on substitution classes. We noticed that students do not value substitution classes in general, and methodology chosen by the School Group, in particular, which they find unattractive, very routinised, and as not contributing to improve student learning. Students support more practical, more dynamic and more encouraging classes, using the new technologies and a more playful approach to teaching, and associate this practice to improved school performance. On the other hand, teachers also refer that substitution classes have no effect on improving student learning, contributing to student demotivation towards curricular classes, and consider that this measure of the Ministery of Education merely keeps students occupied, also disagreeing with the methodology implemented in the School Group. Alternatively, they support the creation of study rooms, where students may choose what to study and what school tasks to carry out with the support of teachers present, contributing to increase student productivity, and encouraging their learning. The research allows the council and teachers to acknowledge the suggestions and criticisms made by the intervenients in the educational process, and the teaching practice may benefit from this knowledge, and stimulate the students by developing other approaches: more significant and more encouraging student learning, drawing their attention and interest to understanding the school subjects rather than to their reproduction (work sheets). Also, the opinions of all the intervenients in the study regarding the report should cause the usefulness of the report to be rethought, turning it from mere red tape into a genuine instrument for monitoring substitution classes, with effects on student evaluation, and disclosing its content to those directly concerned: class Directors, students, parents and carers, and class council.